Qual a diferença entre metas, indicadores de resultados e KPI?
Qual a diferença entre metas, indicadores de resultados e KPI?
No cenário corporativo atual é cada vez mais necessário ter uma gestão empresarial baseada em metas e apoiada em indicadores para que se possa ser assertivo e ágil na tomada de decisões, com um olhar criterioso para os dados.
Dentro dessa premissa ainda existem muitas dúvidas sobre qual ferramenta usar em cada situação, o que pode levar os gestores a não usufruírem de todo o potencial desses recursos nos momentos certos, reduzindo a vantagem competitiva da organização.
Para entender melhor os conceitos e saber como eles podem ser aplicados, vou tratar nesse artigo sobre o que são metas, indicadores de resultados e KPIs.
Metas
Dentre as três definições, provavelmente META é a mais fácil de ser identificada em meio as demais. Isso porque as metas sempre se referem a uma visão de futuro, um marco que a organização deve atingir em um espaço de tempo, preferencialmente em um curto prazo, para que sejam sempre avaliadas, revistas e redefinidas de acordo com as necessidades empresariais.
Aqui é importante destacar que metas são diferentes de objetivos. Os objetivos representam algo maior, de prazo mais extenso, que guiam a condução do negócio como um todo. As metas são quantificadas e qualificadas em partes menores, que visam guiar e medir o quanto a empresa está próxima ou não desse objetivo. As metas, nesse caso, são o mapa que mostram o caminho a ser seguido, como um astrolábio usado pelos antigos navegadores que os orientava sobre sua posição e destino.
Existem diversas técnicas e formas de definir metas. As mais utilizadas são os Objetivos SMART e os OKR. Apesar de eu ter afirmado que metas e objetivos são diferentes, ironicamente, ambas as técnicas que irei apresentar aqui levam “objetivo” em seus nomes.
Os Objetivos SMART são definidos usando o acrônico que forma o seu nome, onde essa meta precisa ser específica (Specific), com clareza do que deve ser alcançado, mensurável (Measurable), com a possibilidade de ser medido, atingível (Attainable), ou seja, que possa ser alcançado, relevante (Relevant), de forma que traga benefício a empresa e engaje as pessoas em torno dela, e temporal (Time based), com um prazo definido e claro para ser alcançada.
Já os OKR (Objectives and Key Results) são definidos pelos objetivos e os resultados-chave atrelados a eles. Nessa técnica se define o objetivo que se deseja alcançar, de maneira ampla (Exemplo: Ser a melhor empresa de vendas online de cursos) e os resultados-chave que se buscará para atestar que esse objetivo foi atingido, limitando, normalmente, a três resultados-chave por OKR, para não aumentar a complexidade da meta (Exemplos: Aumentar as vendas em 40%, aumentar o valor médio das vendas para R$ 1.000,00 e converter em venda 80% das cotações que sejam realizadas).
A escolha da metodologia a ser aplicada deverá levar em consideração o contexto e a maturidade da empresa ou projeto. Eu procuro usar objetivos SMART em projetos pontuais e menores, que estejam dissociados de objetivos maiores na organização, ou ainda em aplicações que estudem a viabilidade de novos negócios ou produtos, como MVPs. Eles são mais elementares e simples de serem construídos e acompanhados.
A medida que o projeto evolui ou que o produto é incorporado a realidade da empresa, ou ainda em projetos com conexões com outros projetos ou envolvendo muitos setores da organização, os OKR são mais indicados pois tem um alinhamento maior com a visão macro do negócio e permite que sejam definidos diversos objetivos para um mesmo time ou iniciativa, lembrando que é indicado trabalhar com um grupo pequeno de OKRs por projeto (no máximo cinco) para permitir melhor o acompanhamento e revisão desses objetivos em curtos espaços de tempo.
Indicadores de Resultados
Diferente das metas, onde tudo é criado com um olhar para o futuro, visando um ponto a atingir, nos indicadores de resultados trabalhamos com dados consolidados, de ações que já acontecerem.
Os indicadores de resultados são dados mais elementares e precisam ser trabalhados pelos gestores para que se tornem informações que ajudam na tomada de decisões.
Normalmente esses indicadores, que também são conhecidos como métricas, são obtidos do ERP das empresas, podendo também ser coletados de outras fontes. Esses indicadores são mais quantitativos do que qualitativos, pois costumam expressar uma posição estanque de alguma operação. Como exemplo de indicadores de resultados podemos ter o número de vendas, quantidade de propostas, faturamento, despesas com insumos, reclamações etc.
Perceba que, apesar de serem dados importantes, eles carecem de informações complementares para que possam gerar insights estratégicos. Além disso, por tratarem de números brutos, para poder monitorar se as metas estão sendo alcançadas, é preciso ter um acompanhamento constante, para detectar variações e desvios ao longo do tempo.
A simplicidade desses números torna os indicadores de resultados mais palatáveis, pois não requerem grande conhecimento técnico em sua interpretação. É altamente recomendado que esses indicadores sejam deixados a mostra, de fácil acesso à todas as pessoas da empresa, pois isso fomenta uma gestão à vista e desenvolve uma cultura data drivenna organização, mostrando aos colaboradores uma imagem de transparência e credibilidade.
KPIs
Por fim, vamos explorar os KPIs (Key Performance Indicators). Em tradução literal eles são os indicadores-chave de desempenho. Apesar da similaridade com as métricas, existe uma diferença importante entre eles.
Um KPI é composto por duas ou mais métricas e possui fórmulas específicas para se obter os resultados. Os KPIs não apresentam valores brutos ou elementares e, portanto, requerem que sejam trabalhados para que traga uma informação que faça sentido para o gestor.
Dessa forma, com os KPIs é possível trabalhar mais no nível estratégico, avaliando os resultados obtidos de maneira mais eficaz. Como exemplos de KPIs temos NPS, lucratividade, ticket médio, ROI, absenteísmo etc.
Podemos perceber que os KPIs tendem a ser mais padronizados dentro de um mercado ou nicho de negócios e costumam ser usados por todas organizações ou departamento com a mesma finalidade. Isso é importante até para que se tenha uma visão clara do posicionamento da empresa perante a concorrência.
Normalmente é indicado que se foque em poucos KPIs (algo entre 5 ou 6) e que eles sejam compartilhados com toda equipe de trabalho. Também é importante que eles sejam acompanhados periodicamente e analisados se estão evoluindo ou regredindo, para que o gestor possa implementar correções de rotas, caso necessário.
Conclusão
Em resumo, as metas nos apontam a visão de futuro, às conquistas que se deseja alcançar. Já os indicadores de resultados, ou métricas, apresentam informações mais elementares, números brutos da organização e os KPIs nos trazem as informações devidamente cruzadas, com cálculos específicos para cada um deles.
Para poder usar com qualidade e velocidade toda essa informação é imprescindível, além de ter um bom sistema de gestão, contar com uma curadoria da informação, ferramentas de BI e o trabalho de cientistas de dados que irão municiar a gestão para tomada de decisões assertivas.