ChatGPT: Uma reflexão sobre Inteligência Artificial e o futuro
ChatGPT: Uma reflexão sobre Inteligência Artificial e o futuro
Se você não esteve em outro planeta ou isolado em um reality show no último mês, com certeza em algum momento chegou até você algo sobre o chatGPT, a ferramenta da OpenAI de chat conversacional automatizado baseado em inteligência artificial que está na boca do povo, gerando discussões tanto em redes de profissionais de TI quanto em matérias do Fantástico da Rede Globo.
Essa ferramenta, apesar de ser a sensação do momento, utiliza-se de inteligência artificial, uma tecnologia que já vem sendo discutida e desenvolvida a décadas, inclusive tendo suas implicações e riscos exploradas por criações literárias e cinematográficas como 2001 Uma Odisseia no Espaço, Eu, Robô ou a franquia Exterminador do Futuro.
Todas essas obras abordam, de uma forma ou de outra, as implicações das máquinas tomando decisões de maneiras autônomas. No mundo real o Facebook chegou a abandonar um projeto em testes depois que dois robôs de inteligência artificial que estavam trabalhando desenvolveram uma linguagem própria de comunicação entre si, inteligível por nós humanos, suscitando uma consciência própria.
O chatGPT reacende a discussão acerca do uso da inteligência artificial, mas trazendo à tona discussões mais tangíveis e relacionadas aos temores atuais de uma sociedade superpopulosa e que depende do dinheiro, obtido por meio do trabalho, para se sustentar: A inteligência artificial irá acabar com profissões e postos de trabalho?
Há diversas pessoas que já estão atribuindo o fim de seus empregos por culpa da tecnologia, afinal o chatGPT gerou códigos-fontes de rotinas em diversas linguagens em questão de segundos, simplesmente entendendo o que o interlocutor pedia em linguagem natural, sem nenhum conhecimento técnico acerca de programação.
Para aprofundarmos essa discussão é preciso entender que estamos entrando em mais uma grande revolução que vem para mudar a forma que o mundo trata as relações de trabalho e de interação humana. Desde o início dos tempos a sociedade passa por essas revoluções de maneira cíclica. Sempre com grandes descobertas e inventos, com o homem dominando novas tecnologias e formas de se relacionar com o meio ambiente, passamos por revoluções agrícolas, urbanas, industriais, eletrônicas e informacionais. Cada uma delas mudou a forma do homem se entender no contexto social e trouxe as mesmas apreensões que hoje a inteligência artificial vem trazendo as nossas discussões nas redes sociais.
A revolução agrícola promoveu uma otimização dos processos de plantio e criação de animais, requisitando menos mão de obra para produzir uma quantidade maior de recursos. Isso acabou deflagrando os movimentos que criaram os centros urbanos e favoreceram o surgimento dos comércios e industriais, ainda operadas manualmente. Com o advento da revolução industrial, começamos a automatizar linhas de produção com o uso de máquinas e com isso parte das profissões fabris foram substituídas por máquinas e essas pessoas se adequaram em funções de operação desse maquinário ou migraram para outros ramos que foram surgindo naturalmente com essa evolução.
O mesmo aconteceu com o surgimento da eletricidade e, mais tarde, com os computadores. E a cada ciclo os mesmos temores e discussões tomavam o povo de assalto.
Se olharmos para situações mais regionalizadas, em nossa sociedade recentemente tivemos a discussão do fim da necessidade termos cobradores em ônibus, substituindo esses por meios automatizados de recebimento e com a função de receber a exceção dos pagamentos em espécie transferida para o motorista, que acumularia a função. Mais uma vez uma grande discussão em torno do fim do emprego foi estabelecida a ponto de em muitos lugares esse processo ser interrompido.
Percebam que os temores que temos hoje são os mesmos que nossos ancestrais tiveram em outras eras. E no final das contas, qual foi o resultado dessas transições no passado? Uma evolução que veio para melhorar a vida dos seres humanos.
É fato que muitos perderam seus trabalhos e também é fato que alguns tiveram dificuldade de se recolocar no processo. Mas a verdade é que isso acontece para menos pessoas. Em linhas gerais, a grande maioria da sociedade melhorou com os benefícios trazidos pela revolução em curso.
Então o que precisamos discutir não é o fim de algumas profissões, mas sim entender como podemos nos preparar para surfar essa onda que está chegando. A inteligência artificial irá precisar de pessoas que as treine. Também serão necessárias pessoas para analisar os dados e tomar decisões estratégicas para as empresas.
É importante entender que a máquina, pelo menos ainda, não consegue emular características que cada vez mais vemos as empresas buscando, mesmo antes da inteligência artificial surgir: As nossas Soft Skills! E isso é tão valorizado porque essas habilidades são as mais difíceis para serem desenvolvidas, seja nas máquinas ou nas pessoas. Isso significa que podemos ensinar uma pessoa ou um computador como programar em uma determinada linguagem com facilidade e em pouco tempo. Mas, por exemplo, não conseguimos ensinar alguém a ter empatia!
Conclusão
Minha sugestão a todos é uma só: Não percam tempo sofrendo com os postos de trabalho e profissões que serão extintos pela revolução da inteligência artificial. Isso já está em curso e é inevitável! Empenhem seu tempo em entender como assumir o protagonismo nesse processo, aprendendo sobre a tecnologia em questão e entendendo quais os papéis que serão mais valorizados daqui para a frente. Quem não fizer isso decretará antecipadamente sua obsolência. E a culpa não será da inteligência artificial pois as máquinas não estão dominando o mundo (ainda!) e precisaremos coexistir em harmonia com a tecnologia.