A força da união
A força da união
Há alguns anos tive oportunidade de participar de um movimento que unia algumas operadoras de saúde em uma tentativa de se fortalecer através de um acordo de cooperação no intuito de ganhar força perante negociações com fornecedores e prestadores de serviços, dada a representatividade que suas carteiras unidas teriam no mercado.
Na época, quando ainda não se falava de ANS e o marco regulatório era novidade, os benefícios, ainda que bastante interessantes, não foram suficientes para vencer os interesses individuais das empresas e a diferença de egos de seus gestores, fazendo com que o projeto não fosse adiante.
Atualmente vejo que o momento do mercado empurra diversas operadoras ao mesmo caminho, ainda que com objetivos e necessidades diferentes do ocorrido há 20 anos.
Hoje a dificuldade que as operadoras enfrentam em manter seu funcionamento por conta de questões fiscais, técnicas ou financeiras torna essa opção talvez a única saída viável para a sobrevivência de suas carteiras e negócios.
No âmbito técnico, devido ao forte movimento de aquisições de hospitais e serviços de diagnósticos, muitas operadoras regionais veem-se em situação complicada em substituir credenciados por outros do mesmo nível e por conta disso não conseguem manter sua operação com os preços praticados pelos novos donos dos credenciados.
Nessas situações a união de duas ou mais operadoras de uma região que passa por esse problema pode fortalece-las na negociação com os prestadores e eventualmente minimizar o problema com acordos melhores de tabelas de serviços.
Outra situação similar ocorre em planos de saúde mantidos por hospitais, muitas vezes filantrópicos, como as Santas Casas, que tem dificuldade em atender exigências financeiras da ANS, como a formação de reserva técnica ou margem de solvência, e precisam então alienar suas carteiras deixando na mão beneficiários muitas vezes satisfeitos com o atendimento prestado pelo hospital.
Nesses casos tem sido uma opção o fechamento de acordos operacionais onde uma operadora assume a carteira da outra em troca da manutenção do hospital como prestador de serviços dessa carteira, quer em um contrato com tabela diferenciada por utilização, quer por um acordo de capitation que garanta a receita do hospital e mantenha a sinistralidade da carteira sob controle.
Não é raro vermos, principalmente em cidades afastadas das grandes capitais e grandes centros, Unimeds arrendando Santas Casas e assumindo de alguma forma a gestão do hospital além da carteira dos planos por elas praticados.
A verdade é que, em momento de crise, a união pode ser uma saída ou pelo menos representar uma sobrevida. Se antes parcerias foram tentadas para demonstrar força, hoje elas podem significar a sobrevivência das operadoras. Sinal dos tempos.