Cultura: a solução a longo prazo
Cultura: a solução a longo prazo
Não é de hoje que o Brasileiro é um povo imediatista. Todos os resultados positivos precisam acontecer já. Não há a paciência de se realizar um trabalho a longo prazo para buscar um resultado futuro. Um caso clássico disso está em uma das maiores paixões nacional, o futebol. A nossa pátria de chuteiras não tolera resultados negativos e sempre que ocorrem derrotas, seja na seleção brasileira ou nos clubes, a tendência natural é a troca do técnico para buscar um que “resolva” o problema de forma imediata.
Essa intolerância ao resultado a longo prazo está presente em diversos segmentos da sociedade e não somente nos esportes. O Brasil hoje amarga o índice de 17,1% da população classificada como obesa. O número não é tão alarmante como o dos EUA (33,6%), porém se considerarmos que ainda temos no país uma boa parcela do povo vivendo em condição de miséria, o sinal vermelho deve ser ligado. Soma-se a isso o fato que esse índice vem crescendo em números alarmantes nas últimas décadas e a projeção desse crescimento nos coloca empatados com os piores índices do mundo muito em breve.
Essa intolerância ao resultado a longo prazo está presente em diversos segmentos da sociedade e não somente nos esportes. O Brasil hoje amarga o índice de 17,1% da população classificada como obesa. O número não é tão alarmante como o dos EUA (33,6%), porém se considerarmos que ainda temos no país uma boa parcela do povo vivendo em condição de miséria, o sinal vermelho deve ser ligado. Soma-se a isso o fato que esse índice vem crescendo em números alarmantes nas últimas décadas e a projeção desse crescimento nos coloca empatados com os piores índices do mundo muito em breve.
Como reverter esse cenário tão pessimista e tão alarmante para a saúde pública e a economia do país?
A resposta está justamente na implantação de cultura e a paciência na busca de resultados a longo prazo. É preciso uma ação conjunta da sociedade e do governo para que sejam criados mecanismos de conscientização que comecem nos bancos das escolas.
As crianças precisam cada vez mais estar inseridas no conhecimento dos problemas que a má alimentação pode lhes causar no futuro, bem como entender o papel de cada alimento em sua formação, para que possam conscientemente escolher o caminho correto para uma vida saudável. Não há mais espaço em um mundo globalizado e com tanto acesso a informação para a imposição do alimento, ou pior, o mascaramento dele, na alimentação infantil.
Não é de hoje que temos excelentes exemplos de planejamento a longo prazo que deram e dão muito certo em diversas nações. Na década de 30 o governo dos EUA tratou o solo para produzir alimentos mais nutritivos, para que gradualmente os seus jovens crescessem mais saudáveis, fortes e até inteligentes por conta desses produtos “turbinados”. A sociedade se engajou nesse projeto e até um personagem de desenhos e quadrinhos, o Popeye, estimulava o consumo de espinafre entre as crianças.
No Japão, um dos países desenvolvidos com menor índice de obesos (3,7%) trata o assunto com o rigor de leis que tornaram obrigatória a educação sobre nutrição desde os primeiros anos de escola até o nível secundário, cardápios saudáveis nas instituições de ensino e o estimulo às crianças para que elas participem inclusive da preparação de seus alimentos. Além disso, existe uma lei que determina que uma vez ao ano toda a população realize a medição da circunferência abdominal. Em caso de medidas que não estejam dentro do valor considerado saudável, as empresas devem incentivar os empregados a participar de grupos de apoio e realizar exercícios. Outra determinação da lei japonesa é o estímulo da adoção da bicicleta e do caminhar para ir ao trabalho e a criação de espaços na empresas para a prática de esportes.
É preciso que o Brasil entenda que alguns problemas não serão resolvidos por decreto e nem tão pouco em um curto espaço de tempo. É preciso um projeto que olhe para o país e não para um mandato. Na maioria dos casos a semente será plantada por um governo e os resultados serão colhidos por outro. Nesse caso a questão partidária deve ser deixada de lado.
Voltando ao exemplo inicial do futebol, a Alemanha iniciou um projeto para buscar a copa do Mundo de 2014 em 2002, quando o atual técnico assumiu o posto. Resultados negativos vieram até mesmo na copa realizada no país em 2006. A perseverança e o planejamento foram coroados na copa de 2014, aqui no Brasil. E assim como no futebol, na questão da obesidade, estamos também levando de 7 x 1 de outros países.